Não desistir de incluir!

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Um momento, um minuto, o meu olhar e a vida inteira para amar o Luiz Felipe, meu sobrinho com Síndrome de Down e que aos sete anos de idade sinto um amor incondicional. Foi Deus quem me proporcionou um anjo tanto real, que me faz feliz e me faz buscar o melhor para oferecer somente a ele.

Quando Felipe nasceu, foi um momento de reflexão e sabedoria para decidir o que fazer e/ou como fazer, experiência nenhuma com pessoas com comportamento intelectual, mesmo com algumas das minhas irmãs formadas em pedagogia, buscamos como começar, foi bem difícil, no começo, adaptar-se ao tempo dele. O primeiro momento foi uma conversa com Deus, as lágrimas rolando, de joelhos e o milagre de D’Ele acontecendo. Deus disse que era para essa família que o Felipe tinha que ficar, Minha ascendência é prestigiado por ter uma criança especial. Nele aprendi o verdadeiro sentido da vida, o amor próprio e a certeza de lidar com as diferenças. Já não sei mais viver sem ele. Felipe é contagiante, alegre, esta sorrindo o tempo todo, e lógico, como todas as crianças Felipe é MUITO bagunceiro.  Não posso desviar o meu olhar que ele logo pensa em uma arte. Deus me escolheu para dar aquele amor de tia e levar o máximo de experiência para ele.

Mas a sociedade infelizmente busca o preconceito. Precisamos divulgar a inclusão dessas na sociedade e buscar ajuda por uma inclusão já. Enxergo nos olhares um sentimento de dó, mas para que sentir dó? Eles não necessitam de nada diferente em relação às outras pessoas. Vamos parar e pensar! As noticias que encontramos na mídia quando o assunto é a SD sempre será a evolução e capacidade deles.  Por exemplo.

Com o apoio da família e pela própria determinação, Pedro Carreira, 19, começa esse ano no SENAC uma nova jornada no curso de Gastronomia.

Débora de Araújo Seabra de Moura, 32, primeira professora Down no Brasil e ainda escreveu o livro “Debora Conta Historias”

Esses dois exemplos acho muito interessante para quem não acredita que podemos inseri-los de forma adequada e igualada.

A inclusão para essas pessoas está cada vez mais difícil de ser entendido. Vamos ser diferentes, vamos buscar o melhor para eles, precisamos procurar a vontade de querer vencer esses obstáculos que eles enfrentam. Ser racional e imparcial é o que será diferenciado para que eles se sintam inseridos em uma sociedade onde sempre haverá pessoas maldosas e de pouco coração.

Eu quero buscar o melhor para o Felipe e você, não quer preparar um futuro melhor para o seu filho? Lembre-se que amar é permitido!

Priscila Barbosa, Jornalista e Luiz Felipe de sete anos.

Santo André, SP.

Autismo: Verdades e Mitos

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Atualmente ainda é um grande mistério que envolve o Autismo. Ano após ano, muitas concepções têm surgido a fim de dar uma causa concreta ao surgimento da síndrome, desta forma, a presente publicação foi elaborada com o propósito de elucidá-los sobre algumas  VERDADES e MITOS em torno do Autismo, tema que ainda tanto assusta.

O que é o Autismo?

O Autismo é um transtorno bem mais comum do que se imagina, mas a ignorância a respeito da doença ainda está longe de ser incomum. Os familiares e os próprios autistas sofrem muito preconceito.

Apesar de não existir um número oficial, estima-se que 2 milhões de pessoas apresentem algum grau desse transtorno no Brasil.

Segundo a CID – 10, o autismo acomete pessoas de todas as classes sociais e etnias, mais os meninos do que as meninas. Os sintomas podem aparecer nos primeiros meses de vida, mas dificilmente são identificados precocemente. O mais comum é os sinais ficarem evidentes antes de a criança completar três anos.

  • NÃO HÁ CURA PARA O AUTISMO!

VERDADE: o Autismo é um Transtorno do Desenvolvimento e pode gerar diferentes graus de comprometimento. Para que o Autista se torne mais independente e tenha mais qualidade de vida, é importante um bom tratamento e acompanhamento com profissionais (Fonoaudiólogo, Psicólogo, Terapeuta Ocupacional, etc.)

  • OS AUTISTAS VIVEM NO MUNDO DELES!

MITO: O mundo é o mesmo. O que ocorre é que o autista interage de forma diferente. Ele tem dificuldades em deduzir os sentimentos ou estados mentais de seus pares, o que os tornam incapazes de interpretar e analisar o comportamento social das outras pessoas. Isso pode levar a uma grande dificuldade em desenvolver o relacionamento social.

  •  SÃO SUPERINTELIGENTES!

MITO: Os Autistas dizem muito mais do que entendem. Existem muitos autistas com inteligência normal e uma parcela apresenta intelecto acima da média (Síndrome de Asperger). Estes tem o que é conhecido por “Ilhas do Conhecimento” – são bons em certo assunto, de acordo com sua habilidade específica mais desenvolvida (Matemática, memória, Domínio da Tecnologia, Pintura ou Música). Por vezes, acredita-se que possuem boa inteligência devido ao vocabulário amplo como forma de se expressar, no entanto, essas habilidades são repetidas de dados decorados.

  •  A CULPA É DA MÃE!

MITO: Há cerca de 60 anos atrás, surgiu a expressão “mães geladeiras”, criando uma legião de mães culpadas, frustradas e sem acolhimento da sociedade.

Hoje se sabe muito bem que o transtorno é de origem orgânica, estrutural. Porém as causas do Autismo ainda é uma incógnita.

Este é, sem dúvida, o pior mito em relação ao autismo!

  •  OS AUTISTAS TÊM PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO, INTERAÇÃO SOCIAL E COMPORTAMENTO!

VERDADE: Estas características são comuns a qualquer indivíduo com autismo. Porém, o nível de comprometimento em cada uma dessas áreas, varia consideravelmente. Veja alguns exemplos:

  • Dificuldade na interação social como contato visual, expressão facial, gestos, dificuldade em fazer amigos, dificuldade em expressar emoções;
  • Prejuízo na comunicação como dificuldade em iniciar ou manter uma conversa, uso repetitivo da linguagem;
  • Alterações comportamentais como não saber brincar de faz de conta, padrões repetitivos de comportamentos, ter muitas “manias” e apresentar intenso interesse por algo específico como a asa de um avião, por exemplo.
  •  NÃO ENTENDE O QUE ESTÁ ACONTECENDO AO REDOR!

MITO: Entre os indivíduos autistas existem repertórios diferentes, alguns compreendem e se interessam mais que os outros. O fato de interagir menos não significa que esteja ausente.  Ele pode captar o que ocorre a sua volta, mas sob o prisma de sua peculiaridade cognitiva.  Muitas vezes, mostram uma sensibilidade aumentada a estímulos e mudanças sutis na rotina, o que não acontece com indivíduos sem o transtorno.

 OS AUTISTAS GRITAM, ESPERNEIAM E PROVOCAM GRANDE CONFUSÃO AO SEU REDOR!

VERDADE: Aliás, qualquer criança pode fazer isso (mesmo sem autismo). O que acontece é que muitos autistas, principalmente os mais típicos e intensos, têm uma baixa tolerância a ambientes com muito estímulo e que não passam familiaridade. Nesse caso é importante o acompanhamento profissional, que vai ajudar a criança e os pais a lidarem com essa situação.

  •  HÁ VÁRIOS TRATAMENTOS PARA AMENIZAR OS SINTOMAS!

VERDADE: Um autista nunca é igual ao outro, por isso o tratamento deve ser individualizado – o que dá certo para um, pode não dar certo para outro.

As terapias devem se complementar de forma abrangente, sempre com a intenção de reduzir comportamentos e sintomas disfuncionais e consolidar atitudes positivas, favorecendo a integração, socialização e engajamento.

Podem ser usadas: análises comportamentais, treinamento de linguagem, tratamento medicamentoso (para alguns sintomas), fisioterapia, terapia ocupacional, habilidades motoras e atividades cotidianas.

Importante ressaltar que quanto mais precoce for o diagnóstico e início do tratamento, melhores os resultados.

Sabemos que o tratamento é contínuo, desgastante e caro, por isso é importante a participação de entidades pró autistas e instituições especializadas.

 Bem, o conhecimento não tem limites. Eu poderia abordar muitos mitos e verdades a respeito do Autismo, mas meu intuito foi o de apenas aguçar curiosidades sobre os desafios e surpresas que surgem.

E são estes desafios que me levam a cada dia me encantar pelo Autismo e me estimular a conhece-los melhor, superando barreiras e quebrando preconceitos!

 Beijos

Juliana Valarini

 

 Fontes:

 Curso: https://www.portaleducacao.com.br/

 Livros:

GRINKER, Roy Richard. 2010. Autismo: um mundo obscuro e conturbado. Tradução de Catharina Pinheiro. São Paulo: Larrousse do Brasil.

SCHWARTZMAN, J. S.; Assumpção Jr. F.B. – Autismo Infantil. Mennon Eds.; São Paulo, 1995.

Página do Facebook:

Autismo e Intelectualidade (https://www.facebook.com/autismoeintelectualidade?fref=ts)

Legislação

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No Brasil, atualmente contamos com muitas leis e decretos que garantem tanto o acesso como a permanência de crianças com necessidades especiais em escolas de ensino regular.

Sabemos que na realidade, a prática não é bem assim e muitos pais desses alunos já passaram por isso e podem falar melhor do que eu a respeito desse assunto.

Listo aqui algumas dessas leis, diria as principais para consulta e entender um pouco melhor esses direitos:

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988.

BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre as necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994.

BRASIL. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. UNESCO, Jomtien/Tailândia, 1990.

BRASIL. Decreto n° 186, de 09 de julho de 2008. Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007.

BRASIL. Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Guatemala: 2001.

BRASIL. Decreto n° 6.571, de 17 de setembro de 2008.  Dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado.

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) na  

BRASIL. Ministério da Educação.  Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. In: Secretaria de Educação Especial / Ministério da Educação.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, 2006.

O Brasil promulga a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU/2006), por meio do Decreto n° 6949/2009, assumindo o compromisso de assegurar o acesso das pessoas com deficiência a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e adotar medidas que garantam as condições para sua efetiva participação, de forma que não sejam excluídas do sistema educacional geral em razão da deficiência.

O Decreto n° 7.611/2011 corrobora as orientações para a construção de sistemas educacionais inclusivos, que garantam às pessoas com deficiência o acesso ao sistema regular de ensino.

Para a efetivação do direito inalienável à educação, este Decreto, em seu art. 1°, incisos I e III, dispõe: O dever do estado com a educação das pessoas público alvo da educação especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes:

I garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades;

III não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência.

SILUK, Ana Cláudia Pavão. Atendimento Educacional Especializado: Contribuições para a prática Pedagógica. Santa Maria: Mec, 2012.

Não nos esquecendo que as leis só terão efeito quando respeitadas e fiscalizadas , pois no nosso caso, a Inclusão é um assunto que diretamente ou indiretamente faz parte da vida de todos.

Fico por aqui e não se esqueçam de acompanharem o blog, que sempre contará com novidades e assuntos de interesse geral.

Um beijo e até mais,

Daniela Gazafi

EQUIPE MATHERNA

Falta de orientação e acompanhamento

Integration, Foto: Serge Waldbillig

Sabemos que o processo de inclusão vem sendo muito discutido atualmente.

Muitas são as opiniões a respeito.

Uma série de legislações vem ao longo da última década contornando a educação especial, em função da educação inclusiva e em consequência afetando a formação dos professores para atuação em sala de aula.

As documentações legais levam os professores a enfrentarem um grande desafio, que precisa ser viabilizado o quanto antes: o de receber o aluno com deficiência na sala comum e no ensino regular. Mas esse novo e grande desafio acaba gerando um grande impacto na sociedade.

Mas este processo de enfrentar o novo envolve não só o professor, mas a comunidade escolar como um todo.

“A escola é um dos segmentos da sociedade que deverá redesenhar-se para atender a todos. O novo desenho da escola não se restringe à sua estrutura física e aos materiais disponibilizados para a aprendizagem, pois é uma escola que reconhece que cada aluno é diferente e o seu desafio consiste em valorizar estas diferenças para o enriquecimento da ação pedagógica.” (Atendimento Educacional Especializado – UFSM – 2012 – p. 87)

Sendo assim, muitas vezes os professores se sentem perdidos, sem saber por onde começar.

E agora? Como proceder? O que fazer?

A necessidade existe e está abraçando o professor.

O que nos cabe é fazer o professor mudar o modo de ver este abraço e principalmente, fazer senti-lo.

O reconhecimento dessa necessidade não torna o professor peregrino solitário em busca por caminhos de ajuda e atualizações, mas é imprescindível que temos que tornar público a necessidade de mostrar ao professor de sala regular que ele não está sozinho nessa. Que existem pessoas interessadas em auxiliá-lo e acolhe-lo em sua ansiedade, medos, dúvidas e angústias.

Talvez de fato, exista sim ainda, e infelizmente também, uma certa resistência nessa aceitação coletiva do novo, mas a vida é assim. Temos que diariamente enfrentar o que não sabemos o que está por vir, e depois de assimilado o desafio, saber acomodá-lo da melhor forma a nossa rotina, no caso da escola, ao nosso planejamento.

Conforme o artigo 58º – §1º da LDB, Lei nº 9394/96, no qual consta que “haverá quando necessário, serviços de apoio especializado na escola regular para atender às peculiaridades da clientela da educação especial” (BRASIL, 1996), o aluno já tem sua “lei” garantida, mas o professor também precisa de serviços de apoio, para que ele, na ausência do profissional da educação especial, possa sem limites e medos, lidar com as habilidades e dificuldades do aluno com deficiência que a ele foi designado.

Só assim, com o acolhimento visto de todas as formas que o professor poderá superar suas limitações quanto à inclusão e fazer enxergar as habilidades que existem nele que ainda não foi estimulada.

Mas como? Que tipo de acolhimento seria esse?

Bem, o simples fato de chegar até o professor e querer ouvi-lo, já é de grande valia, mas sabemos que pode ser mais que isso:

  1. Ouvir o professor em suas angústias, tentar juntos pontuar as dificuldades encontradas (as habilidades também) e tentar achar uma solução para aquele problema encontrado;
  2. Oferecer cursos dinâmicos e interessantes vinculados ao estudo de caso encontrado na escola, pois não adianta nada oferecer cursos só por oferecer, sem dar funcionalidade a ele;
  3. Roda de conversa com toda a equipe escolar (digo toda mesmo: docentes e não docentes) para abordar o caso, pois sabemos que coletivamente podemos compartilhar ações e ter novas ideias e planejamentos;
  4. Convidar a família constantemente para que o professor possa conhecer o histórico de vida do aluno e fazer links com a rotina do aluno em sala de aula/escola;
  5. Conhecer os outros profissionais que atuam com o aluno, para que o professor possa compartilhar algumas situações encontradas e ser orientado da melhor forma possível;
  6. Ter algum profissional habilitado para lhe dar um suporte, lhe estimular uma confiança, para que sozinho, ele possa conduzir a aula sem medos e aflições.

Os professores também precisam ser respeitados tendo ou não leis que os amparam, afinal, são cidadãos como qualquer outro (com ou sem deficiência) e como tal, precisa ser incluído na sociedade.

E pra você?

A inclusão se restringe somente ao aluno com deficiência?

Compartilhe conosco sua opinião.

Forte abraço

Joana

Equipe Matherna

Regras e Limites

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Era o primeiro dia de aula.

Dia de adaptação tanto para os alunos como para mim.

Nem mesmo os meus anos de prática em sala de aula me isentaram da ansiedade e preocupação daquele momento.

Logo de cara, recebi a orientação de que Marcelo era apaixonado, fissurado em chaves, celulares e eletrônicos, e que eu não poderia deixar nada, absolutamente nada em cima da mesa, pois pegaria, e se caso isso viesse acontecer, seria um trabalho árduo para tirar o meu pertence de “seus cuidados”.

E detalhe, além disto, Marcelo só aceitava fazer suas lições no computador.

O sino badalou (na escola arrumaram um sino de cobre pequenino, bonito, e que soa muito bem pelo corredor e pátio da escola), e todos começaram a entrar na sala, felizes pela volta às aulas, porém, desconfiados.

Bastante extrovertido, comunicativo, falante e sociável ao extremo, Marcelo parava todos que encontrava pelo caminho para receber a boas vindas e cumprimentá-los.Marcelo foi o último a entrar na sala.

E adivinhe qual foi sua primeira pergunta ao me ver?

“- Prrrrofessora posso ficar com a chave da sala?”

(Você pode ter achado estranho ter colocado tantos “erres” na palavra professora, mas foi proposital, Marcelo reforçava todos os “erres” em sua fala)

Comecei a rir e descontraída, pedi para que entrasse para eu poder me apresentar e conhece-lo melhor.

Marcelo entrou e já escolheu seu lugar cativo na sala: sentou-se em frente a um velho computador e lá ficou.

Comecei a minha apresentação e fiz uma brincadeira com todos e automaticamente tive que tirá-lo do viciante lugar em frente ao computador.

Mas Marcelo não hesitou, ao se levantar para participar da brincadeira, apontando para o computador, logo disse:

“- Prrrrofessora eu só faço lição aqui viu!!!!”

Eu disse:

“- Tudo bem… depois você retornará ao seu lugar, está bem?”

Ufa! Aquele dia tudo ocorreu bem. (Graças a Deus!)

Durante a semana, logo após alguns dias de apreciação do velho lugar ao lado do computador, corri o risco de mudar e estabelecer um novo lugar na sala para Marcelo, afinal tinha baixa visão e no lugar que estava, ficava longe da lousa e até mesmo da professora. E foi esse argumento que usei para convencê-lo de mudar de lugar.

Muito falante, quis de fato que eu apresentasse um bom, um excelente argumento para que ele saísse do “seu lugar” (assim denominado por ele há anos…).

Tudo certo! Apesar de ainda (todos os dias) me questionar sobre seu retorno ao velho lugar, ele permaneceu lá até o final do ano… Pode acreditar!

E sabe por quê?

O computador estava cheio de vírus, ele o utilizava para ficar mexendo e digitando as letras do alfabeto ou seu nome, apenas isso… O computador era apenas um passatempo em sala de aula, assim, um dia, chamei-o perto e disse:

“- Marcelo, eu sei que você gosta muito de mexer no computador, porém, como ele está cheio de vírus, ele está estragando suas atividades… que tal, nas aulas de informática, você ser meu ajudante?”

Nossa… Foi a melhor coisa que disse para ele! Marcelo ficou muito feliz, animado e estimulado para “ajudar’ seus amigos na utilização do computador.

Além de que, nas aulas de matemática, eu dava uma calculadora para ele ajudar seus amigos nos cálculos… Enfim dava funcionalidade para ele em sala de aula, para ele se sentir importante, ter uma ocupação e não ficar com a ideia fixa naquilo que estava tão acostumado em ter e em fazer.

Quanto às chaves e eletrônicos que também tanto amava, tiveram um momento especial na sua rotina diária. Foi estabelecido junto com ele que, se ele se comportasse e realizasse suas atividades em êxito, ficaria com a chave da sala ao término da aula, e toda sexta feira ele poderia trazer seu radinho para ouvir música com seus amigos de sala.

E assim foi combinado e cumprido.

Claro que tiveram alguns dias, muito dias pra falar a verdade, que ele relutava para ter aquilo que queria, como se nada do que nós havíamos combinados juntos, teria sido relevante para ele, mas com muita conversa, ele se acalmava.

Foi fácil?

Não, não foi. Afinal tirar algo ou um vício de uma pessoa que vem se perdurando há anos, é bem complicado. Várias foram as vezes que mexia nos celulares alheios na hora do intervalo, vários foram os dias que pegava as chaves da outras salas escondido sem pedir… Mas tudo isso era conversado na hora, e já se estabelecia um combinado, ou seja, Mexeu? Pegou sem pedir? Ficará sem o radinho na próxima sexta!!! Era assim…

Muita coisa precisa ainda ser feita, muitas regras ainda precisam ser estabelecidas… Mas pelo menos, ao longo deste ano letivo, pude apresentar ao Marcelo, o sentido da regra e limite dentro da sala de aula.

Mas confesso que, não podemos fazer e estabelecer um combinado somente com o aluno. Este acordo deve ser algo em comum, extra sala de aula, deve ser compartilhado em todo o contexto escolar, se possível até, em casa, com a família, mais aí é querer demais não acham? (rsrsr)

Enfim, a equipe escolar deve estar engajada em um mesmo propósito… Pois só assim, unidos pelas mesmas regras e limites podemos obter um sucesso maior…

É isso!

Forte abraço para você!

Compartilhe comigo sua história também!

Joana

Equipe Matherna

Sejam Bem Vindos!

nós

Há alguns meses entre conversas e desabafos em uma hora de almoço qualquer, começamos a falar sobre o que de fato estávamos contribuindo para a educação de uma forma geral. Muitas coisas passaram em nossa cabeça, e nessa angústia de fazer algo melhor, surgiu a ideia de colocar nossas metas, até então, somente sonhos, em prática.

Ideias borbulhavam em nossa mente. Elas surgiam em todo momento, andando pela rua, lavando louça, tomando banho, almoçando…

 Os nossos primeiros rascunhos baseavam-se somente em estratégias e práticas educativas de sala de aula, mas ainda isso não nos completava. Faltava algo mais.

Analisamos as nossas experiências e práticas.  Falamos e pontuamos de tudo um pouco. E foi aí que a maior ideia surgiu.

Sentimos que ao longo da nossa trajetória em escolas regulares, o professor de sala precisava de algo mais. Ele merecia ser acolhido, aconchegado e principalmente orientado da melhor forma possível em suas dúvidas e angustias perante a inclusão.

(Pois é fácil colocar um aluno lá na sala só por colocar……e o professor como fica nessa história?)

Aprendemos muito ao longo deste processo de criação e queremos de alguma forma compartilhar com você!

Queremos aprender com suas histórias e experiências, e a partir delas, contribuir e dar dicas, de forma clara e objetiva.

Ao longo deste ano, iremos realizar novas pesquisas, enquetes e seus resultados. Publicaremos textos e artigos nossos, de outros autores e amigos convidados. Abordaremos as Leis vigentes e faremos indicações literárias importantes para que você, possa fazer parte deste mundo tão apaixonante e envolvente que é a Educação Especial.

Compartilhe sua prática educacional conosco!

Conte-nos sua história. Juntos poderemos dar o primeiro de muitos passos rumo a um mundo melhor!

Forte abraço e sejam bem vindos!

Equipe Matherna